terça-feira, 6 de outubro de 2009

Indaiatuba pode perder a chance de ter cooperativa de reciclagem

Catador
Há quase três anos Indaiatuba acompanha um caso bastante polêmico. No início de janeiro de 2007 a prefeitura da cidade recebeu uma denúncia a respeito de quatro empresas instaladas às margens do Córrego Barnabé, no Distrito Industrial, que não estariam situadas a mais de 30 metros de recuo, como determina o Código Ambiental. O tempo passou e a notícia que se tem é que poderá ser determinada a demolição dos galpões, medida que segundo especialistas da área, acarretaria em mais problemas ao meio ambiente. Em contrapartida, na tentativa de evitar a demolição e colaborar com a recuperação da área, o proprietário dos imóveis propôs doar um dos seus galpões para a instalação de uma cooperativa de reciclagem. A iniciativa é óbvia. Não é preciso andar muito pelas ruas da cidade para encontrar pessoas com carrocinhas, revirando os lixos em busca de papelões ou latinhas de alumínio. De acordo com dados do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR), existem cerca de 300 mil a 1 milhão de catadores em atividade no país. O catador chega a andar mais de 10 horas por dia em busca de materiais para reciclagem. E nesse trajeto, diversos problemas devem ser incorporados, como riscos de violência, comprometimento à saúde e à integridade física, uma vez que nem sempre eles estão providos da roupa adequada para manipular os objetos encontrados. Muitas pessoas ajudam, mas mesmo assim é preciso tomar cuidado, porque se ouver um descuidar e não prestar atenção no que se está pegando, pode-se machucar, tipo uma porta de um carro encontrada, e que está enferrujada e com risco de ocasionar algum corte. A instalação de uma cooperativa de reciclagem viria justamente para que catadores pudessem ter uma ocupação mais digna, longe das ruas e de situações de risco. Foi com essa visão, que Paulo Ricardo Hedgens, proprietário dos galpões, propôs doar um de seus imóveis para a prefeitura, a fim de implantar um projeto sócio-ambiental como forma de recuperar a área. De acordo com a assessoria ambiental Pró-Ambiente, o Córrego Barnabé encontra-se altamente poluído por carga orgânica, proveniente de esgoto doméstico dos bairros dos arredores, e por esgoto industrial. Além disso, o córrego que tem 9 km de extensão não apresenta mata ciliar preservada em nenhum ponto. Os dados revelam que a demolição dos galpões não funcionaria para recuperar toda a sua extensão, ao contrário, só iria resultar em maiores complicações.
O biólogo Lucas Brigante Domingues analisa que o custo para a demolição dos prédios será alto e os destroços sobrecarregarão os aterros. “O ideal seria reverter esse valor utilizado para a demolição em projetos sócio-ambientais dentro do município, valorizando a educação ambiental da população”.
A medida adotada pelo empresário contribuirá para melhorar as condições ambientais do local. Como explica o biólogo, o projeto de plantio das mudas será importante para a recuperação do local. “Toda ação realizada em favor do meio ambiente traz benefícios. Desde um 'simples' plantio de árvore ou uma recuperação pequena da mata ciliar, que poderá atrair aves, que por sua vez farão ninhos, e assim perpetuam a espécie”, completa Domingues.
A questão ainda enfrenta alguns impasses. Trâmites legais impedem a definição do caso. Mas optar pela demolição dos galpões só traria impactos sociais, econômicos e ambientais, já que diversas pessoas que hoje trabalham nas empresas do local perderiam seus empregos, os entulhos sobrecarregariam os aterros, e a cidade ficaria sem a implantação da cooperativa, fato que adia o seu desenvolvimento sustentável.

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